Como posso lidar com a birra?

Todos os pais já se encontraram na situação de ter um filho a fazer uma birra seja em casa, no supermercado ou até na casa dos avós…! Às vezes s repentinamente, outras já estávamos mesmo a adivinhar. Seja qual for a causa ou a forma, este costuma ser um momento difícil para a maioria dos pais. Surgem-nos dúvidas sobre o que fazer e as nossas emoções começam também a “aquecer”. Apesar de cada situação ser uma situação e cada criança ser diferente, existem algumas orientações que se têm vindo a demonstrar ser úteis nestes momentos:

  • Antes de reagir, pare para respirar. Se pretende que a criança aprenda a acalmar-se em momentos de maior desregulação (p. ex. quando se sente frustrada porque lhe disseram que não podia fazer alguma coisa que queria) é essencial que o pai/mãe consiga acalmar-se a si mesmo primeiro. A maneira como reage a momentos de conflito vai modelar a forma como o seu filho reage nas mesmas situações.
  • Tente identificar a necessidade que a criança lhe está a comunicar. Uma birra, é na sua essência, uma resposta emocional a uma necessidade não atendida. Para conseguirmos ajudar a criança a lidar com aquela emoção, pode ser importante identificarmos primeiro o que está a faltar à criança naquele momento (p.ex. Está a precisar de um abraço e que lhe seja dada alguma atenção? Está a precisar a ajude a resolver um problema? Está à procura de conforto?…)
  • Valide o que está a acontecer com a criança e nomeie a emoção que lhe parece que ela está a sentir. Lembre-se que mesmo que não entenda ou concorde com a reação da criança, a emoção que ela sente é SEMPRE válida. Nenhum de nós controla o que sente. Podemos sim aprender a lidar com a emoção. Nomear a emoção é uma forma de nutrirmos a inteligência emocional, o que vai ajudar a desenvolver a capacidade de autorregulação.
  • Evite sermões ou explicações complexas sobre o porquê de a criança não poder fazer X ou Y. Quando a criança está a fazer uma birra a parte do cérebro que está ativa é o cérebro emocional, portanto, naquele momento, a razão e lógica não conseguem ouvi-lo.
  • Esteja atento à sua linguagem não verbal (expressões faciais, tom de voz e postura do corpo). É importante que nesse momento transmita segurança, tranquilidade e conforto para que a criança sinta que mesmo em momentos de desregulação, ela pode ser acolhida. Faça contacto visual ao nível da criança e use um tom de voz calmo.
  • Sugira à criança uma estratégia de regulação e acompanhe-a (respirar fundo, ir molhar a cara, beber um copo de água). Se a criança ainda estiver muito ativa e desregulada guie apenas esse momento “ok, ainda não te sentes preparado/a, não há problema, podemos esperar”.
  • Depois de terminada a “tempestade”, encontre um momento mais calmo para falar sobre o ocorrido.Esta também poderá ser uma boa altura para sugerir algumas estratégias para evitar a escalada emocional numa próxima situação.

Ser pai/mãe é, de facto, um dos trabalhos mais difíceis do mundo… Especialmente porque na parentalidade deparamo-nos com o nossos desafios pessoais e descobrimos que para educar outro ser humano, necessitamos também que nos educar a nós mesmos e, talvez, esse seja o maior desafio. Se sentir que precisa de apoio, que as birras do seu filho acontecem com muita frequência ou têm uma intensidade muito grande e que mesmo pondo em prática algumas destas orinetações não consegue geri-las, pode ser a altura de procurar ajuda profisisonal. Não precisa de estar sozinho nesta viagem.

Autores

Alexandra Fernandes

Psicóloga